Pesquisadoras desenvolvem sérum com proteína extraída de casulo do bicho-da-seda

CCS


atualizado 2 dias atrás


Perobal Uel

Pesquisadoras do Laboratório de Inovação e de Tecnologia Cosmecêutica (LABITEC) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL estão em fase final de testes de um sérum facial, desenvolvido a partir de fibroína, proteína extraída do casulo do bicho-da-seda, que traz excelentes resultados como hidratante, promovendo o equilíbrio e a saúde da pele. O produto já teve patente depositada em parceria com a companhia Bratac Fiação de Seda e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), de Londrina, para ser lançada comercialmente.

O sérum foi desenvolvido dentro do projeto multidisciplinar Seda Brasil – o fio que transforma, que busca fortalecer a cadeia produtiva da seda no Paraná, responsável por mais de 80% da produção nacional, que conta com financiamento da Unidade Executiva do Fundo Paraná (UEF), da Secretaria Estadual de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia (SETI). O sérum é resultado da pesquisa desenvolvida pela mestranda Maria Vitória Ferreira da Silva, do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, tendo como orientadora a professora Audrey Lonni, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, coordenadora do Laboratório de Tecnologia Cosmecêutica. Também integram o projeto o professor Luís Fernando Cabeça, da UTFPR, e as professoras da UEL, Renata da Rosa, do Departamento de Biologia Geral (CCB), que pesquisa o desenvolvimento genético da variedade de bicho-da-seda Bombyx mori; Maria Antonia Celligoi, do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia e Cristianne Cordeiro Nascimento, do Departamento de Design, coordenadora do projeto Seda.

O aproveitamento da Fibroína como princípio ativo de dermocosméticos, não representa exatamente novidade. Porém a forma extrativa da Fibroína aliada ao desenvolvimento do sérum facial pode ser considerado uma inovação na indústria cosmética. O produto é indicado para tratamento de qualquer tipo de pele porque a fibroína possui potenciais ações biológicas, atendendo necessidades específicas como hidratação e combate ao envelhecimento.

Audrey, Renata, Cristianne e a mestranda Maria Vitória. Pesquisa será apresentada, na Colômbia, em setembro. (Foto: acervo pessoal).

Segundo a professora Audrey, uma tendência na indústria cosmética é a busca por moléculas com atividade biológica eficaz (eco-friendly) para promoverem o equilíbrio e a saúde da pele. Nesse contexto, a fibroína, proteína fibrosa extraída dos casulos do bicho-da-seda Bombyx mori, se destaca como uma biomolécula, composta majoritariamente pelos aminoácidos glicina, alanina e serina, sendo biocompatível e biodegradável, com propriedades que incluem suporte à adesão celular, alto potencial antioxidante e estímulo à regeneração tecidual.

Para chegar ao protótipo que está em processo de patente, os pesquisadores extraíram a proteína e desenvolveram diversas formulações que foram avaliadas quanto às propriedades físico-químicas, características organolépticas, citotoxicidade e estabilidade. Também foram investigadas a atividade antioxidante, a eficácia hidratante, aceitabilidade sensorial e até a intenção de compra por parte dos usuários. Os resultados demonstraram que todas as formulações apresentaram características desejáveis. Além disso, o sérum mostrou-se seguro, estável e eficaz, com propriedades hidratantes e antioxidantes, textura leve e o diferencial da inclusão da fibroína da seda, um ativo biocompatível, biodegradável e valorizado pelo mercado dermocosmético.

Segundo a mestranda Maria Vitória, responsável pela pesquisa, cerca de 50 voluntários participaram dos testes preliminares clínicos (in vivo). “Os relatos foram positivos. Todos elogiaram a melhoria na textura da pele após sete dias de uso consecutivos”, afirma. A próxima etapa será conduzida em laboratório certificado e terá foco na avaliação do potencial de hidratação e firmeza cutânea. Esses testes são essenciais para o futuro registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Iniciada em 2024, a pesquisa teve como objetivo desenvolver um dermocosmético de alta performance, qualidade e segurança a partir da valorização da fibroína da seda. A proteína se destaca por suas propriedades hidratantes, regeneradoras e apelo sustentável.

Cadeia da seda – o sérum representa um avanço importante para a cadeia produtiva da seda no Paraná. De acordo com a professora Cristianne Cordeiro, coordenadora do projeto Seda Brasil, o produto é uma alternativa de alto valor agregado para o aproveitamento dos casulos de segunda linha, que normalmente teriam menor uso comercial. “O desenvolvimento desse tipo de formulação fortalece a competitividade da seda brasileira no mercado global, especialmente considerando que o Paraná é responsável por 83% da produção nacional”, explica.

Pesquisadoras desenvolvem sérum com proteína extraída de casulo do bicho-da-seda. (Foto: divulgação Laboratório de Inovação e de Tecnologia Cosmecêutica).

O projeto Seda Brasil teve início em 2018 com o propósito de fomentar a cadeia produtiva da seda. Desde então, ações de pesquisa vêm contribuindo para a sustentabilidade do setor, que envolve cerca de 2 mil pequenos e médios produtores rurais distribuídos em 176 municípios paranaenses. A equipe multidisciplinar atua em frentes distintas como o melhoramento genético das larvas, aumento da resistência, aprimoramento físico dos casulos e suplementação alimentar dos bichos-da-seda.

O estudo que originou o sérum de fibroína será apresentado à comunidade internacional no XXVII Congresso Ibero Americano de Químicos e Cosméticos (COLAMIQC 2025), que será realizado em Cartagena das Índias (Colômbia), de 10 a 12 de setembro. O resultado da pesquisa fará parte da programação técnica do congresso, considerado o maior evento internacional latino-americano voltado à inovação na indústria cosmética.

Leia também

HU-UEL e CCS participam do Health Connect Summit 2025

Nos dias 13 e 14 de agosto acontece o Health Connect Summit 2025 (HCS), promovido pelo Polo de Saúde de Londrina e Sebrae/PR, com parceira da governança Saúde Londrina União Setorial (Salus) e a Associação Londrinense das Indústrias e Serviços da Saúde (Alis). Voltado à inovação na área da saúde, o evento entra em sua […]


UEL divulga oportunidades para Residências do Centro de Ciências da Saúde

Manuela Domingues* Agência UEL A Universidade Estadual de Londrina publicou na última sexta-feira (18) novos editais para os Programas de Residência do Hospital Universitário (HU/UEL). Com vagas para Residências Médicas e demais áreas vinculadas ao Centro de Ciências da Saúde, as oportunidades são para as áreas de Medicina,  Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia e Multiprofissional em […]


UEL abre período de isenção para inscrições como Estudante Especial

Heloísa Gonçalves* Agência UEL A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRoPPG) da UEL abre, nesta terça-feira (22), o período para solicitações de isenção do pagamento da taxa de inscrição da Pós-Graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado), referente ao 2º semestre, na modalidade Estudante Especial. O valor é de R$ 162,00 e o prazo se encerra na quarta (23). Podem ser […]


Ambulatório de Fragilidade Óssea do AEHU recebe certificação de excelência internacional

Intranet HU O Ambulatório de Fragilidade Óssea do Ambulatório de Especialidades do HU (AEHU) foi certificado em nível prata no Mapa de Boas Práticas do Capture the Fracture, programa que estabelece padrões globais para serviços de cuidado e prevenção de fraturas por fragilidade, pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF). A certificação representa um importante reconhecimento […]