Um Sonho que Durou 15 anos

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Da instalação da primeira faculdade em 1956 até o reconhecimento da UEL pelo MEC, em 7 de outubro de 1971, passaram-se 15 anos

Em 10 de dezembro de 2021, Londrina completou 87 anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) previu que Londrina, neste mesmo ano, contava com uma população de 580.870 pessoas. No dia 7 de outubro de 2021, a grande universidade pública da cidade, completou 50 anos, com uma comunidade composta por 22203 pessoas, entre docentes, servidores e discentes. A título de curiosidade, a UEL possui um pouco mais do que a metade da idade da cidade de Londrina e atende diretamente quase 4% da população da cidade, desconsiderando deste cômputo os beneficiados pelos serviços prestados pelos órgãos institucionais de apoio e suplementares. 

No início dos anos 1950, Londrina tinha 3500 estudantes secundários, dos quais apenas 1000 no Ginásio Estadual; os outros, no Colégio Londrinense e no Colégio Mãe de Deus. No Ensino Superior, sabe-se que antes, nos anos 40, já se havia insinuado um movimento pró-instalação na cidade de uma Faculdade de Agronomia. Em seu livro “Peroba Rosa”, publicado para comemorar os 25 anos da UEL, o professor Joaquim Carvalho da Silva, do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da UEL, conta que os anos 50 encontram o professor Zaqueu de Melo, fundador do Colégio Londrinense, empenhado na criação de uma Faculdade de Filosofia. Mas seria particular e a comunidade se mobiliza pela criação de uma faculdade estadual.

Zaqueu de Melo eleito deputado estadual em 1954 abre mão de seu projeto e passa a trabalhar pela consecução do outro. Obtém êxito: 25 de janeiro de 1956, o governador Adolpho de Oliveira Franco sanciona lei aprovada pela Assembleia Legislativa criando a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina.  Na mesma época da criação da FAFILO, os profissionais da área jurídica também vinham pleiteando uma Faculdade de Direito, que é criada por decreto assinado pelo governador Moysés Lupion, em 4 de junho de 1956. A autorização para funcionamento das duas faculdades demorou até o início de 1958. Ambas foram instaladas no prédio do Grupo Escolar Estadual Hugo Simas.

A criação de uma Universidade do Norte do Paraná já era sonho citado em artigos da Folha de Londrina, em 1959. A data seguinte, nesse trajeto, seria 1962, com a criação de mais uma faculdade estadual – a de Odontologia – e de mais dois cursos na FAFILO: Ciências de Primeiro Grau e Pedagogia. Esse fato redobrou o ânimo dos médicos, que também queriam uma faculdade. O professor Joaquim Carvalho da Silva registra que a Associação Médica de Londrina tratava desse tema desde 1955. Para a Faculdade de Medicina optou-se pelo regime de fundação estadual. Assim, em 21 de dezembro de 1965, surgiu a Fundação de Ensino Superior de Londrina – FESULON –, com o objetivo de criar e manter a Faculdade de Medicina do Norte do Paraná.

A autorização para o funcionamento da faculdade foi dada em fevereiro de 1967 pelo Conselho Estadual de Educação. Nessa época já existia outra mobilização na cidade pela criação da Faculdade de Ciências Econômicas e Contábeis. No dia 30 de março de 1968, foi realizada a aula inaugural da nova faculdade, que, no princípio de 1969, já teria mais um curso em funcionamento – o de Administração. A cidade contava, então, com as cinco faculdades necessárias para pleitear sua Universidade. Não pode deixar de ser citada, nesta história, a existência, desde 1962, da FEPAL – Fundação Educacional Paranaense de Londrina, criada pelo prefeito José Hosken de Novaes.

Três fatores fizeram com que os ventos soprassem na direção de uma universidade estadual. Um deles é que toda a estrutura de ensino superior existente na cidade era estadual. Outro, é que a FESULON defendia o formato de fundação – o que excluía a hipótese de uma universidade federal – e tinha proximidade com o então governador Paulo Pimentel. E, finalmente, o próprio governador se interessou pelo tema do ensino superior, pois recebia demandas de outras cidades que também queriam benefícios neste setor. Em 12 de abril de 1969, o governador baixou decreto constituindo uma comissão que concluiu que o Paraná comportava três universidades estaduais, a serem sediadas em Londrina, Maringá e Ponta Grossa. O trabalho incluiu um anteprojeto de estatuto e a apresentação de uma lista sêxtupla para a escolha de reitor e do vice-reitor pelo governador. No dia 27 de maio de 1970, o Decreto 20.230 trouxe a nomeação de Ascêncio Garcia Lopes para reitor e Iran Martins Sanches para vice-reitor da UEL.

Só mais de um ano depois, em 7 de outubro de 1971, saiu o reconhecimento da UEL, através do Decreto 69.324 do Ministério da Educação (MEC). E essa ficou sendo a data de comemoração do aniversário da instituição. Ou seja: da lei da primeira faculdade ao reconhecimento da sonhada Universidade Estadual, passaram-se 15 anos.

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O texto está citado na lista de referências como REVISTA UEL (2011).