A história de Dona Cema

Revista Jornalismo & Ficção


atualizado 3 meses atrás


Outubro traz o rosa da esperança e da conscientização. Cema, aos 65 anos, descobriu o câncer de mama a tempo, e com o apoio do filho, enfrentou a batalha com coragem. Em Jaú, ela encontrou tratamento e renovação. O diagnóstico precoce fez toda a diferença, e sua vitória reforça a importância da prevenção

Por Luan Chechi

Outubro, mês que traz à tona uma causa de vital importância: a luta contra o câncer de mama. Criado na década de 1990, o “Outubro Rosa” é uma campanha internacional dedicada à conscientização, promovendo a importância do diagnóstico precoce. Durante esses 31 dias, laços cor-de-rosa são vistos em campanhas e monumentos iluminados…Conversas ganham profundidade à medida que famílias e comunidades se unem em torno do tema. A cada ano, centenas de mulheres têm suas vidas impactadas por esse diagnóstico, mas o avanço nas campanhas de prevenção e a detecção precoce têm feito uma diferença crucial no enfrentamento dessa doença.

Foi no final de setembro de 2022, que Cema, uma mulher de 65 anos, mãe dedicada e forte, sentiu algo diferente ao tocar o próprio seio. No início, pensou que não fosse nada demais – afinal, ela nunca havia sentido dor ou notado alterações significativas. Mas, as campanhas do “Outubro Rosa” já estavam presentes em sua mente. Ela sabia o quanto era importante cuidar de si e ouvir o corpo. Decidiu, então, buscar ajuda médica.

O diagnóstico veio rápido: câncer de mama. A princípio, Cema foi tomada por um turbilhão de emoções – o medo, a incerteza, a dor de pensar no que viria pela frente. Procurou atendimento logo no início, o câncer ainda estava em fase inicial. A médica de sua cidade, Bauru, foi enfática: “Você fez o certo. Agir cedo faz toda a diferença. Vamos tratar disso com toda força, e você tem boas chances de vencer.”

Após conversas sobre as opções de tratamento, ela foi encaminhada para Jaú, uma cidade no interior de São Paulo, cujo hospital é referência no cuidado e acolhimento de pacientes com câncer. Lá encontrou o apoio necessário para enfrentar os meses que viriam. Seu filho, Kevin, um jovem de 20 anos, a acompanhou nessa jornada. Ele era o pilar de Cema – a cada viagem. A cada consulta. A cada noite em que os efeitos do tratamento a faziam sentir-se fraca. O amor entre os dois tornou-se ainda mais forte, e os laços familiares floresceram em meio à dor e ao processo de cura. Kevin sempre estava ao lado dela nas sessões de radioterapia, segurando sua mão, conversando sobre o futuro e o que fariam quando tudo aquilo passasse.

Foram semanas intensas. A rotina no hospital era desgastante, mas os médicos e enfermeiros cuidavam de Cema com um carinho especial. Ela se apegava à ideia de que o diagnóstico precoce tinha lhe dado uma segunda chance. Sensação que alimentava sua força interior.

Quando, finalmente, o dia da última sessão de radioterapia chegou, ela sentiu algo que há tempos não sentia: um alívio profundo, uma vitória conquistada. Ela sabia que ainda haveria acompanhamentos, exames e momentos de incerteza, mas, naquele momento, podia respirar.

Ao final da última sessão, seu filho a abraçou com força e lágrimas nos olhos. “Mãe, você conseguiu. Nós conseguimos.”. E naquele abraço estava toda a jornada que enfrentaram juntos, todas as noites em claro, todos os medos e esperanças. O tratamento de Cema foi bem-sucedido, e tudo graças à rapidez com que ela procurou ajuda. O “Outubro Rosa”, que tantas vezes observava apenas de longe, agora fazia sentido em cada fibra de seu ser. Era um lembrete de que o câncer de mama, quando detectado no início, tem cura.

Cema se tornou uma porta-voz dessa causa, incentivando outras mulheres a se cuidarem, fazerem exames de rotina e a nunca subestimar as campanhas de prevenção. A experiência lhe ensinou que, com o diagnóstico no momento certo, as chances de cura são maiores, e a vida continua a girar com esperança. “Outubro Rosa” não é apenas um mês, é um lembrete de que a vida pode ser transformada com conhecimento, cuidado e amor.


Luan Chechi é estudante de Jornalismo, compõe a equipe de estudantes do PET-Saúde Equidade e participa do Grupo Gabo de Pesquisa desde 2023.

Leia também

A diversidade saiu de moda. A magreza extrema é a nova tendência

O esforço em direção à representatividade de corpos distintos começa a perder força, à medida que uma nova geração, cada vez mais engasgada de ozempic, se vê alheia a situação. Os padrões continuam implacáveis e as discussões parecem estagnadas. Por Rebeca Godoi A pauta da representatividade ganhou destaque na última década, levando marcas como a […]


Indicado a 3 categorias do Oscar, “Ainda Estou Aqui” lembra ditadura militar e dá reconhecimento ao Cinema Brasileiro

“Quando alguém fura a fronteira e leva algo que nos é pessoal para fora, é essa espécie de sentimento de ‘olha o que a gente tem de rico’”, fala de Fernanda Torres em entrevista ao Uol (https://youtu.be/kyLetd2WY2k?si=TLA5jbgeJSRMqPWl). Ela traduz o sentimento de ver um filme que representa o Brasil chegando tão longe. É especial. É […]


É preciso dar um jeito, meu amigo

“O fotógrafo reclamava: fiquem mais sérios, mais tristes, mais infelizes. Não conseguimos. Ou não queríamos. A irreverência sempre nos inspirou. Observo a foto hoje e vejo nos olhos da minha mãe: quem você pensa que é para nos fazer infelizes? Nos indignamos. Não é a imprensa que nos pauta, nós pautamos a imprensa.” – Marcelo […]


O que as tragédias ambientais querem nos dizer?

Em 2024, mesmo ano em que a Espanha está afogada na Europa, o Rio Grande do Sul sofreu a maior enchente de sua história e o Brasil viveu debaixo de fumaça durante as queimadas no Mato Grosso. Em setembro, inundações na Itália deixaram mais de mil pessoas desabrigadas. A Amazônia teve 12.696 focos de queimadas, […]