Depois das queimadas, indígenas do MT lutam por sobrevivência

Revista Jornalismo & Ficção


atualizado 1 mês atrás


Com mais de 16 mil focos de queimadas em setembro, o estado de Mato Grosso enfrenta uma crise ambiental sem precedentes, resultado de incêndios criminosos que afetam 41 comunidades indígenas. Esse é o cenário que pode se estender por anos, comprometendo a biodiversidade e os recursos naturais.

Pedro Safra e Mariana Gonçalves

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o estado do Mato Grosso contabilizou mais de 16 mil focos de queimadas apenas no mês de setembro. O aumento expressivo de incêndios na região traz consequências devastadoras para o meio ambiente e para a saúde da população, especialmente para as comunidades indígenas, que têm enfrentado sérios desafios em razão da fumaça e da destruição causada pelas chamas.

Além de enfrentar doenças respiratórias como bronquite e asma devido à inalação constante de fumaça, essas comunidades também encontram dificuldades no acesso a alimentos e água potável. A situação é ainda mais crítica em regiões que já sofriam com falta de infraestrutura básica.

Autoridades locais indicam que uma parte significativa desses incêndios é de origem criminosa. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, afirmou que, além de fatores climáticos, como o calor extremo e a seca prolongada, as ações criminosas têm desempenhado um papel determinante no aumento das queimadas.

“Nós tivemos, esse ano, além de um problema climático, que era previsível, muitos incêndios. Uma boa parte começou por ações notadamente criminosas. Nenhum incêndio começa senão por ação humana. Algumas [queimadas] por descuido, algumas por negligência, mas muitas começaram por ações criminosas”, declarou Mendes, ao falar com a imprensa.

A bióloga Ana Carolina Ribeiro, de 37 anos, formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Conservação Ambiental, comentou sobre os efeitos devastadores que as queimadas podem ter no futuro da região e das comunidades que vivem nas áreas afetadas. “O impacto dessas queimadas vai muito além do imediato. A destruição da vegetação compromete o equilíbrio dos ecossistemas locais, levando à perda de biodiversidade e afetando a fauna.”

Segundo ela, as comunidades indígenas sofrem grande impacto por causa das queimadas. “Além das doenças respiratórias causadas pela fumaça, elas enfrentarão um aumento na escassez de recursos naturais essenciais, como alimentos e água”, disse a bióloga. “A degradação do solo também pode dificultar a recuperação das áreas para plantio e caça, ampliando os efeitos negativos por muitos anos.”

João Vitor Arantes Castanha, de 21 Anos, estudante de graduação em Geografia também comentou sobre os efeitos das queimadas. “A situação dos povos indígenas em Mato Grosso é angustiante. Com crianças se escondendo do fogo e brigadistas sem equipamentos adequados, fica evidente o descaso do governo”, afirmou. “O governo precisa fazer mais do que prometer recursos; precisa agir com urgência para proteger essas comunidades que já sofrem há tanto tempo.”

Com as queimadas fora de controle, o governo estadual mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros e brigadas voluntárias para combater os incêndios, mas a extensão das áreas atingidas e as condições climáticas dificultam a ação.


Texto produzido pelos estudantes Pedro Safra e Mariana Gonçalves do curso de Jornalismo da UEL, sob supervisão do professor Reinaldo Zanardi, para o webjornal PreTexto UEL, como parte integrante da disciplina de Jornalismo e Convergência Digital I.

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