Trabalho invisível na ExpoLondrina

Revista Jornalismo & Ficção


atualizado 4 meses atrás


Foto: Divulgação ExpoLondrina/Alisson Demetrio

Um atendente de bar torna-se instrumento oculto na orquestração do evento. Enquanto a exposição celebra inovação e alegria, ele navega por um mar de desafios e preconceitos, tecendo a tapeçaria de timbres que sustenta o espetáculo. Essa é a história de quem vive na sombra do sucesso.

Luan Chechi

A ExpoLondrina movimenta o agronegócio e o cenário do entretenimento paranaense. Do conhecimento à inovação. Da performance à excelência. Da adrenalina à diversão. Da paixão musical às excitadas emoções das provas de rodeio. Da vitrine aos excelentes negócios. Da tecnologia às grandes oportunidades.

Geralmente a feira dura onze dias, com várias atrações, como: festas, shows com cantores famosos, rodeio, parque de diversões, gastronomia variada, leilões, vendas de gado, as últimas novidades tecnológicas para o meio rural e até feiras de artesanatos.

Em meio a toda essa agitação, um atendente de bar se prepara para mais um dia de trabalho. É sábado à tarde. O sol brilha no céu, prometendo um dia movimentado em um dos maiores eventos da agroindústria na América Latina.

Ele pega o ônibus das 15hs para o terminal central, e outro às 16h15 para o Parque Ney Braga. Chegando às 17hs da tarde, começa a organização: freezers cheios de gelo e copos alinhados, tudo pronto para receber os convidados do camarote open bar.

Antes que a noite caia, há um breve momento de calma. Um jantar rápido é a pausa antes da tempestade. Às 18hs, os portões se abrem e o público começa a chegar. No início, o trabalho é tranquilo, permitindo até que se aprecie o rodeio, com o público ainda calmo e o ambiente cheio de expectativa.

Na medida que o relógio avança, o trabalho aperta. Os shows começam às 21:35. Aí a verdadeira maratona começa. No luxo do camarote, o desrespeito se infiltra. Palavras duras e abusos psicológicos cortam o ar. “Pobre”!!!. “Favelado”!!!, “Peste”!!!. O preconceito contra os trabalhadores se torna palpável, tratados assim pela elite.

O garçom, durante o caos, mal consegue ouvir a música que todos vieram apreciar. Seu show é outro: uma dança entre servir e organizar, um balé de eficiência e paciência.

Quando a madrugada chega e o expediente finalmente termina, ele pega o ônibus das 3h30 da manhã em direção ao terminal central. Depois, o corujão o leva ao Beco dos Universitários, onde mora. O sono é curto, mas necessário. Um novo dia se inicia. E tudo recomeça.

Esta é a crônica de um trabalhador invisível, cuja dedicação sustenta o brilho e a alegria da ExpoLondrina, mas que raramente recebe os aplausos que merece.


Luan Chechi é estudante de Jornalismo e integrante do Grupo Gabo de Pesquisa.

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