Álbum Pronto pra Guerra
Revista Jornalismo & Ficção
atualizado 1 ano atrás

Em Pronto pra Guerra, a música torna-se um manifesto de esperança e superação ecoadas pela voz de um “herói da quebrada”, o MC.
Luan Chechi
Era uma noite sufocante na periferia da cidade, onde o asfalto fervia sob o peso dos sonhos adiados. Os postes de luz, como sentinelas cansadas, lançavam seus olhares amarelados sobre os becos e vielas, iluminando o caminho daqueles que insistiam em resistir às adversidades.
PH, jovem visionário, buscava nas rimas formas de alcançar um patamar financeiro melhor para sua família e seus amigos. Com suas palavras, ele transformava o cotidiano em algo extraordinário. Naquela noite, enquanto estava compondo suas músicas, na velha garagem abandonada de seu avô, uma neblina densa tomou conta do local. As palavras fluíam de seus lábios como encantamentos. A batida do funk tomava vida própria. De repente, o álbum ganhou vida, tomando a forma de uma criatura etérea, metade som e metade sonho. Dançava no ar… criava padrões hipnotizantes de luz e sombra, como se estivesse contando sua própria história. Transcendia os limites do mundo real.
O criador atônito assistia a tudo isso com olhos arregalados. O funk, agora consciente de sua existência, incorporou-se a ele, compartilhando histórias de batalhas perdidas e vitórias conquistadas. MC PH estava destinado a ser seu mensageiro. Juntos, eles embarcaram em uma jornada através das ruas da cidade. Cada esquina escondia um “menor da quebrada” com a mente bagunçada pelo sistema. As pessoas que cruzavam seu caminho eram envolvidas pelo poder da música, seus rostos se iluminavam com alegria, por conta de todas as ideias relatadas pela “caneta” de um “menor” da favela.
O álbum não era apenas um conjunto de canções, e sim um portal para um mundo de possibilidades. Cada faixa era uma história que se desdobrava diante dos ouvintes, levando-os a lugares que nunca imaginaram.
No final da jornada, MC PH e a batida retornaram à velha garagem abandonada, onde tudo começou. A neblina se dissipou, e a criatura etérea se fundiu novamente com a música, retornando ao seu estado original.
Ele tinha consciência que aquela noite não era um sonho criado pela sua mente. Visto que, testemunhou o poder das suas letras, que transcendem os limites da realidade e abrem portas. Assim, ele continuou sua jornada, pronto para mostrar a todos o poder que existia naquele álbum. PH abriu os olhos de todas as “quebradas”, deixando claro que mudaria a vida de sua família através da cultura. Assim, as músicas de “Pronto pra Guerra” representam um projeto de vida.
Luan Chechi é estudante de Jornalismo e integrante do Grupo Gabo de Pesquisa.