Cota de tela para o cinema nacional
Revista Jornalismo & Ficção
atualizado 1 ano atrás

Com a aprovação da cota de tela, filmes nacionais terão mais espaço nas salas de cinema, e assim a cultura brasileira passa a ser melhor representada.
Fernanda Ortenzi
Uma pessoa vai ao cinema, olha a programação e só encontra filmes norte-americanos ou, no máximo, um europeu. Se está passando algum filme brasileiro, encontra bem menos sessões que qualquer lançamento da Disney. Será que o Brasil não faz cinema? Será que não existem boas produções cinematográficas brasileiras? O reconhecimento internacional dos longas recentes como Que Horas Ela Volta?, Bingo: O Rei das Manhãs, Bacurau, Medida Provisória e Marte Um mostra que o cinema nacional vai muito bem, obrigada. Mas, mesmo fazendo sucesso com o público e com a crítica, o cinema nacional não é prioridade para os exibidores, que optam sempre pelos grandes estúdios hollywoodianos.
Por uma série de motivos, alguns vindos da ditadura militar e outros do imperialismo, o cinema brasileiro tem obstáculos financeiros e comerciais. Porém, existem tentativas de mudar esse cenário. Nesse janeiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que traz de volta a cota de tela, que faz com que os cinemas do país tenham que exibir filmes brasileiros. A lei altera uma Medida Provisória de 2001 que instituía a cota de tela, e durou até 2021, agora sendo renovada até dezembro de 2033. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é a responsável pela fiscalização do cumprimento da norma, que se desrespeitada pode ser punida com advertência e multa.
Esse é um recurso importante para que o cinema nacional ganhe mais força, incentivando a produção de filmes no Brasil, e para que as pessoas tenham a oportunidade de ver produções brasileiras em salas de cinema. É uma medida que ajuda na valorização da cultura do país, apesar de não solucionar totalmente o problema. De um jeito ainda tímido, fortalece um setor da economia, que é a indústria cinematográfica.
E para quem acha que filme brasileiro é ruim, como é possível ler em comentários nas redes sociais que criticam a cota de tela, seria legal dar mais uma chance para a produção nacional. Existem filmes brasileiros de todos os gêneros, temas e estéticas para agradar todos os públicos. Além disso, é legal se ver representado no cinema, ver sua cultura, seu país, histórias brasileiras retratadas na tela. E o Brasil tem muito para mostrar por meio da sétima arte.
Fernanda Ortenzi é estudante de Jornalismo, integrante do Grupo Gabo de Pesquisa, assistente de edição da revista Jornalismo & Ficção: América Latina e Caribe e desenvolve projeto de Iniciação Científica sobre “Cinema segundo García Márquez”.