Fluminense desafia as previsões e sonha alto na reta final do Mundial de Clubes

Revista Jornalismo & Ficção


atualizado 1 semana atrás


A Copa do Mundo de Clubes da FIFA está entrando em sua reta final, e entre os quatro representantes brasileiros que desembarcaram nos Estados Unidos em busca do mundo, apenas um ainda permanece na disputa. Três já se despediram da competição, enquanto o último sobrevivente carrega agora sozinho as esperanças do futebol nacional.

Por Felipe Garcia

O “Tricolor das Laranjeiras” é o único remanescente. Na última sexta-feira, a equipe do Fluminense superou o Al Hilal e garantiu uma vaga entre os quatro melhores do torneio. Mas, antes de destacar a histórica campanha, é justo relembrar e enaltecer o desempenho dos demais clubes brasileiros na competição até aqui.

Começando pelos vizinhos cariocas, Flamengo e Botafogo tiveram campanhas similares na primeira fase. Ambos lideraram seus grupos e venceram potências europeias para alcançar tal feito, representando a força do futebol sul-americano para o resto do mundo.

O destaque vai para o Botafogo, que venceu o atual campeão da Champions League, o Paris Saint German, por 1 a 0, em um confronto equilibrado, chocando todo mundo do futebol. O gol foi marcado pelo artilheiro Igor Jesus, em uma bela jogada individual. Após a partida, o atacante ressaltou a importância do gol em sua carreira e destacou que a vitória reflete o trabalho de reconstrução iniciado pelo clube desde a Série B de 2021.

Apontando os holofotes para outro time carioca, um dia após a vitória já mencionada do Botafogo, o Flamengo de Filipe Luís conquistou uma grande vitória sobre o Chelsea, garantindo o primeiro lugar do grupo e a classificação à próxima fase.

A vitória, no entanto, não veio com facilidade. Os ingleses abriram o placar logo no início, com gol do português Pedro Neto, o qual, dias antes, havia declarado em entrevista que o futebol latino-americano é muito inferior ao europeu.

O Flamengo reagiu no segundo tempo, após mudanças feitas por Filipe Luís, como a entrada do camisa 27, Bruno Henrique, que mudou o resultado participando dos dois gols da virada rubro-negra. A promessa Wallace Yan marcou o último gol, fechando o caixão e consolidando a histórica virada.

Dando sequência à boa participação dos clubes nacionais, o Palmeiras também fez jus ao seu favoritismo e fez uma ótima campanha, sendo um dos únicos clubes sul-americanos a disputar as quartas de final da competição, ao lado do compatriota Fluminense.

Na primeira fase, o Palmeiras classificou invicto, com destaque para empate marcante conta o Porto na estreia, no qual o time paulista dominou do início ao fim. Em seguida, venceu com tranquilidade o Al Ahly e garantiu a classificação com um empate heroico diante dos anfitriões, o Inter Miami, de Lionel Messi.

Na fase seguinte, tivemos um confronto brasileiro no Mundial de Clubes. Palmeiras e Botafogo se enfrentaram em um jogo válido pelas oitavas de final, adicionando mais um capítulo à fervorosa rivalidade que os dois clubes vêm construindo nos últimos anos. No estádio Lincoln Financial Field, na Filadelfia, o mundo assistiu a um duelo emocionante entre duas grandes equipes com campanhas irretocáveis até aqui. Com os 90 minutos iniciais acabando empatados, o jogo foi para prorrogação e a torcida Alvi Verde viu o craque Paulinho decidir a classificação, com gol aos 9 minutos da etapa inicial da prorrogação. O atacante se entregou ao elenco no início desse ano como reforço para o mundial e já é possível afirmar que está entregando o esperado.

Porém, nem tudo saiu como o verdão esperava. Com a classificação garantida, o Palmeiras reencontrou o Chelsea nas quartas, recriando a final de 2021. E mais uma vez, essa história acabou com mesmo desfecho: os ingleses mostraram superioridade e venceram por 2 a 1, eliminando o time brasileiro. O único gol alviverde foi marcado pela joia da base Estêvão, que após essa ótima atuação contra seu futuro clube, aumentou as expectativas da mídia inglesa sobre sua chegada em agosto.

Para encerrar os representantes brasileiros, é preciso destacar a campanha do último remanescente: o Tricolor das Laranjeiras. Após um ano abaixo da média em 2024, o time comandado por Renato Gaúcho chegou ao torneio como o menos cotado entre os quatro representantes nacionais, com diversos veículos de imprensa apontando-o como o primeiro a ser eliminado. No entanto, o Fluminense vem contrariando as previsões e está protagonizando uma campanha heroica e subestimada, muito semelhante à da conquista da Libertadores de 2023.

Na primeira fase, o time de guerreiros enfrentou um grupo sólido, com adversários fortes e à sua altura, sendo o mais desafiador o Borussia Dortmund, adversário da estreia. Mesmo com o favoritismo alemão, o clube carioca conquistou um empate com gostinho de vitória, dominando boa parte do jogo e sendo parado apenas pelo goleiro suíço Kobel. Na partida seguinte, começou perdendo por 2 a 1 para o Ulsan Hyundai, mas contou com uma ótima atuação do colombiano Jhon Arias para virar o placar após o intervalo. No último jogo do grupo, o time decepcionou ao empatar com o time africano, que já não tinha chances de se classificar. Com esse resultado, o Fluminense amargou o segundo lugar de seu grupo, e agora precisava vencer a poderosa Internazionale de Milão se quisesse classificar.

Após o último resultado, o elenco foi liberado para aproveitar alguns dias com a família enquanto aguardava o próximo confronto. No entanto, o técnico Renato Gaúcho optou por não descansar: permaneceu em seu hotel, estudando detalhadamente como o time italiano jogava. Em entrevista, sua filha, Carol Portaluppi, revelou que chegou a convidá-lo para jantar fora, mas ele recusou para permanecer focado.

Na segunda-feira, 30 de junho, o Fluminense entrou em campo como zebra para enfrentar o time italiano mais forte da última temporada. No entanto, mesmo com o claro favoritismo europeu, o clima no vestiário tricolor era de confiança. Em campo, o favoritismo dos italianos não se confirmou: o Fluminense abriu o placar logo no início e teve diversas chances de ampliar ainda na primeira etapa. Quando os italianos atacavam, esbarravam no veterano goleiro Fábio e o experiente zagueiro Thiago Silva, em uma tarde inspiradíssima, defendendo tudo o que chutavam. Perto do apito final, Hércules marcou mais um, consagrando a vitória tricolor por 2 a 0.

Agora, com a classificação, o Fluminense estava apenas um jogo de diferença das semifinais, algo que, no início do campeonato nem o torcedor mais otimista pensaria. Para conquistar a sua vaga, o time de Renato Gaúcho precisaria enfrentar outro azarão da competição: o time árabe Al Hilal, que ganhou do Manchester City com autoridade na rodada anterior por 4 a 3.

Na última sexta-feira, o time de guerreiros voltou a campo mais uma vez sem o favoritismo ao seu lado, mas isso já não os abalava. O elenco estava confiante que conseguiria contrariar as previsões mais uma vez.

Com um confronto equilibrado, o Fluminense conquistou uma classificação heroica, mais uma vez com grande destaque para a atuação individual do veterano goleiro Fábio, que brilhou ao segurar o ataque estrelado do Al Hilal. O placar de 2 a 1 refletiu a excelente atuação dos cariocas, que não se intimidaram diante do adversário e mostraram eficiência no ataque.

Os gols tricolores foram marcados por Martinelli e pelo jovem Hércules, que tem se destacado ao longo da competição e vem sendo cada vez mais exaltado pela torcida.

E cá estamos: a história foi escrita diante de nossos olhos. O Fluminense está entre os quatro melhores times do mundo.

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025 caminha para seus momentos decisivos, e o futebol brasileiro foi bem representado na competição. Mostrou sua força e tradição no cenário internacional. Apesar das eliminações de alguns gigantes nacionais até aqui, o torcedor jamais se esquecera das vitórias históricas sobre potências europeias, das revelações individuais promissoras e atuações mágicas que resgataram a confiança do torcedor sul-americano.

No centro desse enredo está o Fluminense, que contrariou todas as expectativas e se tornou símbolo da raça sul-americana durante o torneio com momentos de superação, entrega e competência. O Tricolor das Laranjeiras ressurge como protagonista, escrevendo um capítulo memorável de sua história e mostrando ao mundo que a paixão e a garra do futebol brasileiro seguem vivas. Independentemente do que está por vir, o Brasil já venceu ao provar, no meio de grandes e ricas potenciais europeias, por quê é considerado o país do futebol.


Felipe Garcia é estudante de Jornalismo na Flórida International University (FIU) em Miami, e colaborador na Coluna de Esportes da Revista Jornalismo & Ficção na América Latina.