Equipe de Cuidados Paliativos Perinatais do HU apresenta trabalho em congresso internacional
Assessoria de Comunicação HU
atualizado 2 dias atrás
A psicóloga Ana Paula Marson, representando a Equipe de Cuidados Paliativos Perinatais do HU-UEL, apresentou um estudo de grande relevância sobre cuidados paliativos neonatais durante congresso em Portugal. Realizado nos dias 21 e 22, na cidade de Delães, o I Congresso Nacional do Luto Perinatal teve por objetivo a reflexão sobre as práticas profissionais, disseminação de projetos e conhecimentos sobre o apoio à dor da perda gestacional.
O trabalho intitulado: “A importância do atendimento multiprofissional com gestantes e familiares frente ao diagnóstico fetal de doenças ameaçadoras à vida”, é fruto da colaboração entre a médica neonatologista Fernanda Pegoraro de Godoi Melo, especialista em Cuidados Paliativos Perinatais e chefe da UTI Neonatal do HU, e as psicólogas Ana Paula Marson e Caroline Oliveira.
A pesquisa enfatiza a relevância do cuidado humanizado e interdisciplinar às gestantes e seus familiares diante de diagnósticos que indicam condições graves e, muitas vezes, ameaçadoras a vida. O trabalho reforça a necessidade de uma atuação conjunta entre diversas áreas da saúde — medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, capelania entre outras — para garantir acolhimento, orientação e cuidado contínuo desde o pré-natal até o puerpério, independentemente da evolução clínica do recém-nascido.
“Nosso compromisso é com um cuidado que transcende a dimensão biomédica, reconhecendo o sofrimento, os vínculos e os valores das famílias. O apoio multiprofissional é essencial para garantir dignidade e conforto, mesmo em contextos de extrema vulnerabilidade emocional”, segundo Fernanda Pegoraro.
As psicólogas Marson e Oliveira também ressaltam o papel insubstituível da escuta qualificada e da presença contínua do psicólogo na jornada dessas famílias: “O vínculo construído com gestantes e seus entes queridos é parte essencial do cuidado. Buscamos validar emoções, mitigar angústias e oferecer um espaço seguro de escuta, orientação e suporte”.
Embora o luto perinatal ainda seja frequentemente negligenciado pela sociedade, trata-se de uma dor legítima e profunda. É imperativo promover uma compreensão mais acolhedora, reconhecendo que a perda de um bebê — ainda que viva por apenas algumas horas ou venha a óbito ao nascer — é um sofrimento real, que deve ser respeitado, validado e acompanhado.
Grupo de Cuidados Paliativos Perinatais
O surgimento e a consolidação do Grupo de Cuidados Paliativos Perinatais do HU, desde o ano de 2020, respondem à crescente necessidade de oferecer uma abordagem sensível e técnica diante dos limites da medicina neonatal. Ao longo das últimas décadas, os avanços tecnológicos nas unidades de terapia intensiva neonatal aumentaram significativamente a sobrevida de recém-nascidos gravemente enfermos. “No entanto, nem sempre a manutenção da vida por meios tecnológicos está associada a qualidade de vida. Em alguns casos, a sobrevivência impõe sequelas severas e sofrimento prolongado à criança, à família e à própria equipe de cuidados. Tornou-se urgente desenvolver práticas que priorizem o conforto, a dignidade e o respeito à individualidade de cada história”, afirmou a chefe da UTI Neonatal do HU.
O Grupo de Cuidados Paliativos Perinatais é uma iniciativa pioneira, resultado de um esforço coletivo e contínuo da equipe multiprofissional na produção do conhecimento científico, publicações e intervenções voltadas à humanização dos cuidados no início da vida.