CPI DA COVID: EU DEFENDO A CIÊNCIA!

Por David P Faraum Junior


atualizado 3 anos atrás


Desde a instauração da Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) da Pandemia, ou simplesmente CPI da COVID, em 27 de abril de 2021, me arrisco a dizer que os brasileiros nunca ouviram tantos políticos dizerem: eu defendo a Ciência, ou que estão ali, em uma sala edntro do congresso nacional para falar sobre ciência e não política, discurso também defendido pelos cientistas convidados como testemunhas.

Os membros e os convidados da CPI colocam o científico e o político em lugares antagônicos; entretanto, para Latour (2017), a construção de fatos científicos está atrelada à capacidade da ciência, das pessoas que fazem ciência, em se relacionar, em buscar aliados, e, com certeza, esse é um dos princípios da política. Em outras palavras, não é possível separá-las e, nesta ação de encontrar aliados, não só os humanos possuem papel de destaque, como também os não humanos, como o equipamento, o financiamento, a revista científica… e é nos não humanos da CPI que quero chegar para indicar uma(s) possível(is) análise(s) cultural(ais).

Segundo a reportagem disponível no Jornal Estado de Minas, o relator da CPI, Renan Calheiros, criou em sua rede social Instagram uma caixa de perguntas para levantar questões a serem feitas ao depoente e ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello, ou seja, Calheiros utiliza as redes sociais como aliadas na CPI da COVID. Fica aí então minha dica: a análise das redes sociais no trabalho dos integrantes da CPI da COVID, os atores humanos e não humanos do que Lemos (2013) chama de sociologia da mobilidade de Latour.

Referências

LATOUR, B. A esperança de Pandora. São Paulo: UNESP, 2017.

LEMOS, A. A comunicação e as coisas: teoria ator-rede e cibercultura. São Paulo: Annablume, 2013.

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