Heartstopper: romances, clichês e o desafio à heteronormatividade
Por Gabriel Ginez Villarda
atualizado 3 anos atrás
Introdução
A série Heartstopper, a adaptação televisiva do romance literário de Alice Oseman, uma das mais recentes produções da Netflix, conta a história de Charlie, um menino que se reconhece enquanto homossexual, e de Nick, um menino que começa a se reconhecer enquanto bissexual. A obra mostra vários pontos a respeito de preconceitos, autoconhecimento, aceitação familiar e pessoal em relação a sexualidades divergentes da heterossexualidade.
Mostra também histórias e modos de ser que divergem de um padrão de heteronormatividade de outros personagens, que, por conta dessas divergências do padrão, fazem com que os protagonistas sejam vistos como os “excluídos”. É como se fosse uma história contada pelo ponto de vista desses “diferentes”. Alguns pontos me chamaram a atenção e me fizeram refletir enquanto assistia à série.

O romance entre Nick e Charlie se mostra muitas vezes truculento por conta de preconceitos e sofre violências de outras pessoas, mas em relação aos dois é um relacionamento “comum”, normalizado pela autora, mostrando que um romance homoafetivo pode ser clichê e “normal” também.
Quando Charlie começa a questionar e explorar a sua sexualidade, não há um material real e um apoio que explique de forma profissional ou até mesmo séria sobre ela, tanto que ele acaba fazendo testes do Buzzfeed, como por exemplo “saiba o quão gay você é”, como se sexualidade fosse algo possível de se medir pelo percentual de um teste aleatório, e sem qualquer métrica.
Enfim, a série é muito aconchegante e legal de se assistir, e, com um olhar mais analítico e direcionado, é possível tirar boas discussões dela. Espero que seja algo interessante para outras pessoas também.
Referência
HEARTSTOPPER. Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81059939. Acesso em: 15 fev. 2022.