Okja: a ciência, o consumo e o vegetarianismo em debate

Por Cristine Lois Coleti Sierra


atualizado 3 anos atrás


Introdução

Logo no começo do filme Okja (2012), uma produção original do serviço de streaming Netflix, temos a inscrição “Biotecnologia Mirando – Química Alimento Integral”. É a demarcação visual da presença da ciência na criação de uma espécie de “super porco” para atender a demanda do mercado.

Fonte: Netflix (2017).

No entanto, o Sci-Fi do sul-coreano Bong Joon-ho, mais conhecido por seu filme mais recente Parasita (2019), não é tão distópico quanto ao que já acontece em muitas fazendas nas quais o uso de hormônios e a seleção genética são capazes de ir modelando fenotipicamente indivíduos capazes de potencializar os lucros. 

O filme foi capaz de colocar muitas pessoas a se questionarem sobre qual papel nós, enquanto consumidores, temos nessa relação comercial. E a partir deste questionamento trazido em “Okja” houve um boom no relato de pessoas que adotaram o vegetarianismo por convicções de ordem filosófica e política.

Fonte: Netflix (2017).

É filosófica não apenas pela evitação do sofrimento animal – embora seja uma causa legítima. É política, porque a fome é urgente e utilizar a ciência para criar animais gigantes, musculosos parece uma saída para a alimentação da população mundial. No entanto, a popularização de dietas à base de plantas demandaria menos recursos para produzir mais alimento para sustentar mais pessoas. É também uma questão social e ambiental.

Quanto às ciências, a reflexão que quero trazer com a sugestão de que vocês assistam – ou reassistam – a “Okja” é para que nós, enquanto sociedade, pensemos e repensemos nossa relação com a ciência, da ciência com as demais espécies e da ciência com o mundo.

Referência

OKJA. Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/80091936. Acesso em: 15 fev. 2022.

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